No meu copo 632 - Grand’Arte, Alicante Bouschet 2009

Há vinhos para beber novos, há vinhos para beber algo envelhecidos, e há aqueles para beber assim-assim...

Por norma (e estou a referir-me aos tintos, porque nos brancos a conversa é outra) gosto de esperar que os vinhos amadureçam 3 ou 4 anos no mínimo, porque tenho apanhado muitos vinhos excessivamente novos que parecem inacabados: os sabores não estão integrados, os taninos muito agressivos, a madeira demasiado impositiva, muita pujança mas pouca elegância. Por vezes parecem como um guisado no qual em vez de cozer todos os ingredientes no mesmo tacho se cozeu cada um separadamente e juntaram-se todos no fim, e nada daquilo se liga...

Às vezes espera-se demais e os vinhos passam do tempo. Neste século, pelo menos, tem sido raro isso acontecer, e não me lembro da última vez que encontrei um vinho “passado” (e os últimos eram dos anos 70, 80 ou 90). Actualmente é mais fácil encontrar um vinho que se aguente bem uma boa meia-dúzia de anos na garrafa sem entrar em declínio, e têm sido mais as boas surpresas proporcionadas pelo tempo do que as más.

Vem isto a propósito deste Alicante Bouschet de 2009 da Grand’Arte. Neste caso esperei demasiado tempo. Foi comprado em 2012 com a edição de Setembro da Revista de Vinhos. O vinho não está morto nem passado, longe disso, mas perdeu fulgor, perdeu frescura, perdeu intensidade.

Sendo o Alicante Bouschet uma casta tintureira que marca os vinhos pela cor e estrutura que lhes confere, nesta garrafa só a cor se mantem evidente, mas os aromas quase desapareceram, há poucos sinais de fruta, sabor a tender para o neutro, pouca estrutura e final algo curto e indefinido.

Enfim, hoje em dia não há maus vinhos, há más garrafas. Esta não foi das melhores que abri.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Grand’Arte, Alicante Bouschet 2009 (T)
Região: Lisboa (Alenquer)
Produtor: DFJ Vinhos
Grau alcoólico: 14%
Casta: Alicante Bouschet
Preço com a Revista de Vinhos: 6,00 €
Nota (0 a 10): 7

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