De repente, e de onde menos se esperava, a surpresa desagradável...
Quem se der ao trabalho de nos ler sabe que temos sido pródigos em elogios aos vinhos da CARMIM ao longo dos anos, tendo mesmo feito do Garrafeira dos Sócios um dos nossos vinhos de eleição e presença obrigatória nas nossas garrafeiras.
O Reguengos Reserva tinto também tem merecido frequente destaque, assim como os monocasta, sempre que a ocasião se proporciona.
Há algumas semanas vi numa prateleira um Monsaraz Millennium, com 3 € de desconto sobre o PVP de base, 5,99 €. Pensei que era de aproveitar. Só tinha provado este vinho uma vez, há cerca de 4 anos, e não me lembrava bem dele, porque foi numas férias de Verão e não houve tempo para grandes registos, nem por escrito nem de memória. Mas tinha-me agradado.
Desta vez, aberta a garrafa, fiquei estarrecido: quase não conseguia acreditar naquilo que estava a provar. O que vou escrever em seguida não é de ânimo leve nem com qualquer prazer. Aliás, tive oportunidade de enviar desde logo um e-mail para o produtor, a dar conta das minhas impressões acerca do vinho (não recebi, até ao momento, qualquer resposta), e só passado mais de um mês resolvi publicar este post.
A verdade é que, para grande espanto dos presentes (não estava sozinho na ocasião), aquele vinho parecia acabado de sair dum garrafão! Parece estar inacabado, cheira e sabe a vinho de taberna. Nada ali está como deve estar. Mantive-o aberto durante vários dias (pois se não conseguia bebê-lo...), na esperança de ver como evoluía, e fiquei sem perceber como é que se põe um vinho no mercado naquelas condições. Pior, como é que o PVP é de 5,99 €, se nem para criado do Reguengos Reserva serve...
Diz o contra-rótulo que é um vinho feito para as novas gerações... Mas é com este produto que querem ensinar as novas gerações a gostar de vinho? É que assim vamos por muito mau caminho.
Quero acreditar que poderá ter sido apenas um descuido, uma escolha resultante dum momento menos feliz. Mas cuidado, porque é assim que se destrói o prestígio duma marca em dois tempos. Se eu não conhecesse tão bem e há tanto tempo os vinhos da CARMIM e tivesse começado por este, provavelmente não compraria mais nenhum.
Final da história: como o vinho se mostrou quase imbebível, acabou por ir sendo consumido aos poucos ao longo de vários dias, conservado no frigorífico e com rolha de vácuo. Passados uns cinco dias, afinal, já se mostrou mais bebível e pareceu ter ali algo para contar. O cheiro a taberna desapareceu, apresentou alguma estrutura e alguns aromas frutados (poucos...). Mas se for aquilo que se pretende, como é que se resolve a questão? Põem um aviso no rótulo a dizer “abra a garrafa e deixe-a ficar cinco dias aberta no frigorífico”???
Kroniketas, enófilo desiludido
Vinho: Monsaraz Millennium 2014 (T)
Região: Alenmtejo (Reguengos)
Produtor: CARMIM - Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Trincadeira, Alicante Bouschet, Syrah
Preço em supermercado: 5,99 €
Nota (0 a 10): 3
Quem se der ao trabalho de nos ler sabe que temos sido pródigos em elogios aos vinhos da CARMIM ao longo dos anos, tendo mesmo feito do Garrafeira dos Sócios um dos nossos vinhos de eleição e presença obrigatória nas nossas garrafeiras.
O Reguengos Reserva tinto também tem merecido frequente destaque, assim como os monocasta, sempre que a ocasião se proporciona.
Há algumas semanas vi numa prateleira um Monsaraz Millennium, com 3 € de desconto sobre o PVP de base, 5,99 €. Pensei que era de aproveitar. Só tinha provado este vinho uma vez, há cerca de 4 anos, e não me lembrava bem dele, porque foi numas férias de Verão e não houve tempo para grandes registos, nem por escrito nem de memória. Mas tinha-me agradado.
Desta vez, aberta a garrafa, fiquei estarrecido: quase não conseguia acreditar naquilo que estava a provar. O que vou escrever em seguida não é de ânimo leve nem com qualquer prazer. Aliás, tive oportunidade de enviar desde logo um e-mail para o produtor, a dar conta das minhas impressões acerca do vinho (não recebi, até ao momento, qualquer resposta), e só passado mais de um mês resolvi publicar este post.
A verdade é que, para grande espanto dos presentes (não estava sozinho na ocasião), aquele vinho parecia acabado de sair dum garrafão! Parece estar inacabado, cheira e sabe a vinho de taberna. Nada ali está como deve estar. Mantive-o aberto durante vários dias (pois se não conseguia bebê-lo...), na esperança de ver como evoluía, e fiquei sem perceber como é que se põe um vinho no mercado naquelas condições. Pior, como é que o PVP é de 5,99 €, se nem para criado do Reguengos Reserva serve...
Diz o contra-rótulo que é um vinho feito para as novas gerações... Mas é com este produto que querem ensinar as novas gerações a gostar de vinho? É que assim vamos por muito mau caminho.
Quero acreditar que poderá ter sido apenas um descuido, uma escolha resultante dum momento menos feliz. Mas cuidado, porque é assim que se destrói o prestígio duma marca em dois tempos. Se eu não conhecesse tão bem e há tanto tempo os vinhos da CARMIM e tivesse começado por este, provavelmente não compraria mais nenhum.
Final da história: como o vinho se mostrou quase imbebível, acabou por ir sendo consumido aos poucos ao longo de vários dias, conservado no frigorífico e com rolha de vácuo. Passados uns cinco dias, afinal, já se mostrou mais bebível e pareceu ter ali algo para contar. O cheiro a taberna desapareceu, apresentou alguma estrutura e alguns aromas frutados (poucos...). Mas se for aquilo que se pretende, como é que se resolve a questão? Põem um aviso no rótulo a dizer “abra a garrafa e deixe-a ficar cinco dias aberta no frigorífico”???
Kroniketas, enófilo desiludido
Vinho: Monsaraz Millennium 2014 (T)
Região: Alenmtejo (Reguengos)
Produtor: CARMIM - Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz
Grau alcoólico: 14,5%
Castas: Trincadeira, Alicante Bouschet, Syrah
Preço em supermercado: 5,99 €
Nota (0 a 10): 3
Comentários