Lisbon Family Vineyards na Quinta de Sant’Ana (2ª parte)

    
  

(continuação)

Começámos por bebericar uns goles de brancos da Chocapalha, primeiro o Arinto, depois o Sauvignon Blanc, a seguir o Reserva, passámos ao Verdelho da Quinta de Sant’ana e ainda conseguimos chegar ao Riesling, que desapareceu das garrafas rapidamente. Não agradou particularmente o rosé Mar de Lisboa, algo desmaiado na cor e incaracterístico no sabor. Talvez seja de rever o modo de produção...

Foi interessante ir fazendo a comparação dos vários brancos de acordo com as castas e os lotes. Claro que nem todos agradaram por igual a toda a gente, até porque os gostos dos presentes são algo díspares (principalmente no caso das senhoras), mas a qualidade média, fum modo geral, era bastante elevada, mostrando aquilo que marca actualmente estes vinhos atlânticos: muita frescura e acidez, o que os torna bastante apelativos e fáceis de beber. Há que aproveitar da melhor forma as condições que o clima propicia para produzir vinhos que dêem verdadeiro prazer a beber, em vez de andar a carregá-los de madeira, prática que por aqui não parece fazer grande escola: apenas na conta, peso e medida certas.

Passando à zona dos tintos, encontrámos alguns pesos pesados dos três produtores, e fomo-nos dividindo entre eles. Provou-se um excelente Quinta de Sant’Ana em garrafa magnum, muito bem estruturado e encorpado, um Pinot Noir com aquela levez característica e delicadeza típica da casta, um Cabernet Sauvignon da Chocapalha, equilibrado, redondo e persistente, e ainda se voltou ao excelente Reserva da Quinta do Monte d’Oiro apenas para comprovar as impressões colhidas recentemente na Delidelux: um vinho de qualidade e elegância superiores.

Já mais para o meio da tarde, e de estômago reconfortado, rumámos então à adega, em cujo piso inferior encontrámos algumas colheitas mais antigas ou raras, como alguns vinhos das décadas de 90 e 2000 da Quinta do Monte d’Oiro em plena forma, que tivemos oportunidade de provar, como o Homenagem a António Carquejeiro 2001 e o Quinta do Monte d’Oiro Reserva 98, dois néctares de excepção e plenos de elegância.

Novidade absoluta foi um CH by Chocapalha, um vinho recente a pedir tempo na garrafa. Por ali ficámos mais algum tempo a mirar os outros vinhos, mas acabámos por terminar a ronda sem grandes demoras, pois ainda nos esperavam umas dezenas de quilómetros ao volante de regresso à capital.

Em jeito de balanço, foi um dia diferente e muito bem passado, com vinhos muito interessantes e alguns muito bons. É de louvar este tipo de iniciativas por parte dos produtores, que compreendem que só puxando todos para o mesmo lado podem ter sucesso e ter alguma visibilidade, ao contrário do espírito por vezes tão arreigado de pequenas rivalidades sem sentido. O facto de convidarem o público a conhecer os seus vinhos também é um bom passo nesse sentido, pois desperta-nos para algumas marcas que não conhecemos e que não vemos à venda, e que assim podem passar a fazer parte das nossas compras com alguma regularidade. Não ficaria bem destacar nenhum dos produtores em particular, porque todos eles têm as características diferenciadas e potencial para fazer o seu caminho, pelo que apenas referimos alguns dos vinhos provados que nos marcaram mais.

Resta-nos, assim, agradecer aos promotores da iniciativa: a quem nos contactou, a quem organizou o evento, em suma, aos responsáveis, produtores, enólogos e demais colaboradores das três quintas envolvidas. A todos desejamos o maior sucesso e, pela nossa parte enquanto consumidores, tentaremos ajudar um bocadinho dentro das nossas possibilidades.

Bem-hajam pelo convite endereçado e esperamos que mais iniciativas assim se repitam. O espírito dos Douro Boys parece estar a começar a criar raízes, e se calhar o facto de Sandra Tavares da Silva ter um percurso já feito na Quinta do Vale de D. Maria não é alheio ao facto de a Quinta de Chocapalha estar integrada nesta iniciativa.
Até à próxima.

tuguinho, Kroniketas e Politikos, os diletantes preguiçosos e enófilos em passeio pela Estremadura

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