No meu copo, na minha mesa 379 - Jantar e prova Caves São João no Hotel Real Palácio (1ª parte)

O Arinto e o Cabernet Sauvignon na Quinta do Poço do Lobo


 

Há algumas semanas, no dia 29 de Março, tive a grata oportunidade de participar numa longa jornada de provas e jantar de vinhos das Caves São João, organizada pela garrafeira Néctar das Avenidas no Hotel Real Palácio, em Lisboa. Para o jantar tive a companhia do Politikos, pois os restantes elementos dos “Comensais Dionisíacos” não se mostraram disponíveis para participar no evento. Nas provas anteriores estive em companhia de alguns enófilos já conhecidos de outros eventos. De realçar que as duas provas especiais eram pagas, o que também pode ter sido dissuasor de outras participações, sem prejuízo de haver uma zona de prova livre.

Presentes, como tem sido habitual nestes eventos, a relações públicas Célia Alves e nas provas o enólogo José Carvalheira.

As provas especiais foram divididas em duas partes: primeiro os brancos de Arinto e os tintos de Cabernet Sauvignon da Quinta do Poço do Lobo; depois os brancos e tintos clássicos das Caves São João. Em cada prova, 10 vinhos à disposição, sem contar com um ou outro extra que entretanto ainda foram apresentados pelo proprietário da Néctar das Avenidas, o sempre disponível João Quintela.

Começando pela prova de brancos de Arinto e tintos de Cabernet Sauvignon, não vamos referir exaustivamente todos os vinhos provados, pois seria fastidioso e despropositado. Nos brancos de Arinto provámos as colheitas de 1991 a 1995, com graduações alcoólicas a variar entre os 11,2% e os 12,3%, uma raridade nos tempos presentes. Mostraram uma saudável longevidade e todo o potencial do Arinto. O mais jovem, de 1995, foi o que mostrou aroma mais intenso, mais exuberante no nariz e com mais volume de boca, enquanto o de 1991 apresentou-se com uma cor quase âmbar, muito mais evoluído, mas ainda com muita acidez e frescura. O de 1992 foi talvez o mais suave e equilibrado, com todos os elementos mais em harmonia, enquanto o de 1994 foi o menos complexo e mais linear na boca.

Quanto aos tintos de Cabernet Sauvignon, houve 6 vinhos em prova (graduações alcoólicas entre os 12% e os 13,6%) e opiniões muito diversas; alguns vinhos que a princípio pareciam estar mortos ou com aromas pouco saudáveis, mas que ficando no copo acabaram por ser enormes revelações. Foi o caso do 1991, que começou por mostrar um aroma desagradável a estrebaria, mas esperando no copo foi limpando o aroma e acabou por se revelar com vivacidade e suavidade na boca. O de 1992 apresentou-se demasiado vegetal, com o célebre aroma a pimentos verdes demasiado evidente, tal como o de 1994. O de 1993 mostrou-se mais equilibrada em todas as componentes, o de 1995 mais complexo, longo e estruturado, o mais gastronómico de todos. Para finalizar, ainda veio uma garrafa magnum do Poço do Lobo 1990, muito equilibrado, longo e bem estruturado. No conjunto, belos exemplares de duas excelentes castas, em branco e em tinto, e no caso do Cabernet Sauvignon tivemos a prova provada do seu grande potencial de evolução e longevidade, sendo com o envelhecimento que melhor se pode apreciar as suas qualidades, pois perde o carácter demasiado verde e vegetal que, quando não é bem trabalhada, marca alguns dos vinhos quando em novos.

Assim se fechou o primeiro capítulo...

(continua...)

Kroniketas, enófilo esclarecido

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