No meu copo 373 - Reguengos Garrafeira dos Sócios 2002

Depois dumas ensaboadelas dos chatíssimos, maçadores e monocórdicos “vinhos da moda”, de vez em quando sabe bem sair da modernidade e retomar os clássicos que repousam na garrafeira.

É o caso deste, uma referência incontornável nas nossas escolhas há muitos anos. Uma vez por ano, ou até mais espaçadamente, lá vamos abrindo uma ou duas garrafas para ver como ele está. Sabendo o risco que podemos correr em mantê-los tanto tempo guardados, a verdade é que na maior parte dos casos a espera compensa. E esta compensou, e de que maneira...

Desta vez houve o cuidado de decantar o vinho com cerca de uma hora de antecedência, colocá-lo na rua para arrefecer pois a temperatura interior estava algo elevada, e esperar pela hora de servir. Um dos aspectos que desde logo se notou foi a total ausência de qualquer depósito no fundo da garrafa, pelo que o vinho apresentou uma total limpidez após a decantação da totalidade do conteúdo.

Na cor, mostrou uma tonalidade granada não muito carregada, brilhante mas sem demasiados laivos de evolução, tão característicos pelo acastanhado que aparece na orla do vinho. Nada disso, nenhum sinal de envelhecimento precoce. O que cheirámos e provámos foi um vinho pleno de saúde, com um aroma tranquilo e profundo, um bouquet que se libertava lentamente, uma estrutura firme na boca mas com grande equilíbrio e macieza. Poderia estar ali para durar mais uns anos, mas mostrou estar num ponto óptimo de consumo.

Mais uma vez muito bem, não nos desiludiu e mostrou compensar a espera e as expectativas que nele sempre depositamos. Um clássico que vale sempre a pena revisitar.

Kroniketas, enófilo esclarecido

Vinho: Reguengos Garrafeira dos Sócios 2002 (T)
Região: Alentejo (Reguengos)
Produtor: CARMIM - Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Aragonês, Castelão, Trincadeira
Preço em feira de vinhos: 12,99 € (adquirido em 2009 - este preço já não corresponde aos valores actuais)
Nota (0 a 10): 8,5

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