Na GN Cellar 4 - Vinhos Druida e Outrora


Embora nem sempre se consiga ter os relatos das provas actualizados, a verdade é que eles vão acontecendo. A um ritmo que não é possível acompanhar, sempre vamos conseguindo, aqui e ali, aparecer numa ou noutra prova para conhecer novidades ou provar vinhos de produtores com os quais estamos menos familiarizados.

Foi o caso desta prova, ocorrida já há algumas semanas nas novas instalações da Garrafeira Nacional na baixa lisboeta, sob o nome GN Cellar. Implicadas no evento estiveram duas marcas recentes, resultantes dum projecto de dois enólogos, Nuno do Ó e João Corrêa: Druida nos brancos e Outrora nos tintos. Aqueles do Dão, estes da Bairrada.

A prova começou pelo Druida Encruzado de 2012, muito fresco e aromático e com estrutura interessante na boca, marcada por uma evidente mineralidade. Mas a seguir veio uma amostra de 2013, ainda em cuba e não filtrada, que mostrou um aroma citrino muito mais intenso e pareceu mostrar um excelente potencial evolutivo. As opiniões dividiram-se, porque os dois vinhos se mostraram muito diferentes, mas gostei francamente mais da amostra de 2013. Um branco que promete, ao qual há que estar atento.

Nos tintos tivemos três exemplares do Outrora Baga, de 2009, 2010 e 2011, este também ainda em amostra de casco, e apresentado como vinho “para corajosos”. O curioso nesta prova foi a acentuada diferença entre os três anos provados: o 2009 muito mais macio que o de 2010, mas ambos a mostrarem uma robustez domada, um pouco na linha dos vinhos de Luís Pato, que consegue mostrar as virtudes da Baga tornando os vinhos bebíveis enquanto jovens. O vinho para corajosos, de 2011, apareceu potente na boca, com um perfil que não agradará aos menos habituados e a quem anda à procura do “docinho e frutadinho”. É um vinho difícil, mas é um daqueles Baga que dão gosto provar, porque sente-se ali toda a estrutura de taninos bem presente mas uma complexidade de sabores e aromas que auguram um grande futuro para este vinho.

Em resumo, pela amostra ficámos a perceber que temos aqui dois belos vinhos que certamente vão evoluir muito bem em garrafa e beneficiar com o tempo de descanso. No caso dos tintos, o preço é que pode ser desencorajador, porque vai para cima das duas dezenas de euros...

Kroniketas, enófilo esclarecido

Nota: na ausência de fotos das garrafas tirados no local, para ilustrar este post socorremo-nos, com a devida vénia, da foto apresentada pela GN Cellar para anunciar o evento.

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