No meu copo, na minha mesa 250 - Jantar Niepoort no restaurante Jacinto (2ª parte)

Vertente 2007; Redoma tinto 2006; Charme 2007; Batuta 2007; Porto Niepoort Vintage 2007; Porto Niepoort Colheita 1998





Finalmente, chegaram as carnes e os tintos, servidos aos pares: um representante da gama intermédia da casa com outro da gama alta. Assim começámos com um Vertente 2007 e um Charme 2007, para acompanhar o mil-folhas de pato com alecrim. Em seguida, para o javali estufado com torta de legumes, uma parelha Redoma 2006 e Batuta 2007 (em garrafa ainda sem rótulo).

Tanto o Vertente como o Redoma são vinhos para um consumo mais imediato, com um perfil mais frutado e encorpado. O Vertente será talvez o mais simples e menos ambicioso, enquanto o Redoma apresenta outra complexidade. Sendo estes dois bons vinhos, não deixam de ser ofuscados pelos dois de topo. O Charme faz inteiro jus ao nome que ostenta: todo ele é charme desde a primeira impressão olfactiva até à prova de boca, marcada por extrema elegância, a pedir pratos plenos de requinte. Foi bem escolhido para o folhado de pato. Já o Batuta apresenta-se mais pujante e complexo, a pedir tempo para se mostrar em plenitude e a prometer longa vida e grandes voos.

Para as sobremesas ainda houve direito a um Porto Vintage de 2007, um Colheita de 98 e uma aguardente vínica. Só provei os Portos que não deixaram os créditos por copos alheios. Um dos primeiros Portos Vintage que me lembro de beber foi um Niepoort de 2003 que estava notável, e este não fugiu à regra. Grande corpo, grande profundidade, um vinho cheio de pujança que nunca mais acaba na boca, apresentando uma exemplar ligação entre a fruta e o álcool. Possivelmente um dos melhores Portos Vintage do país. O Colheita também não se saiu mal da função, com uma predominância a frutos secos e bastante elegante na prova. Já o Politikos, ainda molhou os lábios na aguardente vínica e reputou-a de excelente, aveludada e elegante, com a madeira muito presente mas sem ser agressiva.

Resta falar dos sólidos, onde não é fácil escolher, de tão bem confeccionados estavam. O bacalhau muito bem enquadrado com a pasta de azeitona, o mil-folhas de pato muito saboroso e macio e finalmente o javali, talvez o ponto alto da noite, bastante apetitoso e suculento.

Para as sobremesas veio uma encharcada alentejana em duelo com um pão de rala, irrepreensíveis, e para terminar com o Porto um Petit gâteau com gelado de baunilha que fechou a noite da melhor forma.

Serviço impecável, rápido e eficiente, tanto nos vinhos como nos pratos, não falhou nada nesta refeição magnífica onde todos estão de parabéns. A Wine O’Clock porque promoveu, a Niepoort porque forneceu os vinhos, o Jacinto porque serviu, e nós, os felizardos que lá estivemos porque pudemos participar numa refeição notável. Parece que o Jacinto, que atravessou tempos difíceis, está de volta aos melhores dias e a tornar-se um ponto de referência na gastronomia lisboeta.

Kroniketas, enófilo e gastrónomo satisfeito, com Politikos

Restaurante: O Jacinto
Av. Ventura Terra, 2 (Telheiras)
1600 Lisboa
Telef: 21.759.17.28
Nota (0 a 5): 4,5

Região: Douro
Produtor: Niepoort Vinhos

Vinho: Vertente 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 7,5

Vinho: Redoma 2006 (T)
Grau alcoólico: 14%
Castas: Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão
Nota (0 a 10): 8

Vinho: Charme 2007 (T)
Grau alcoólico: 13,5%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca
Nota (0 a 10): 8,5

Vinho: Batuta 2007 (T)
Grau alcoólico: 13%
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Porto Niepoort Vintage 2007
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 9

Vinho: Porto Niepoort Colheita 1998
Grau alcoólico: 20%
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz
Nota (0 a 10): 8

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